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16 de set. de 2012

Revolução Farroupilha



O Rio Grande do Sul possuía duas grandes importâncias, especialmente no século XIX. Servir como “curral” era uma delas, ou seja, abastecimento de carne sob a forma de charque para o restante do país. Outra importância era a de “sentinela”, onde a província do extremo-sul do Brasil deveria proteger as fronteiras brasileiras contra os países do prata. A história do Rio Grande do Sul é marcada por esses dois elementos, em uma convergência dos dois pontos temos as estâncias, propriedades destinadas a criação de gado mas que também serviam para ocupar a terra e protege-la.
Levando em consideração esse passado histórico, essa formação do continente de São Pedro, dentro de um contexto do século XIX, logicamente o Rio Grande do Sul possuía uma grande importância, que de acordo com alguns líderes de época não estava sendo respeitada. Durante o Primeiro Reinado e Regência, vários impostos impediam a ampliação dos lucros dos fazendeiros sulistas em consequência do encarecimento do preço final do charque gaúcho. Não bastando os entraves tributários, a concorrência comercial dos produtos da região platina colocou a economia pecuarista gaúcha em uma situação insustentável. Buscando acordo com o governo central, os estancieiros gaúchos exigiam a tomada de medidas governamentais que pelo menos garantissem o monopólio sulista sob o comércio do charque.
Em 1835 nas passagens de 19 para 20 de setembro aconteceu o primeiro combate na ponte da Azenha no dia seguinte Porto Alegre abandonada, sem resistência, entregou-se aos revolucionários. No resto da província apenas alguns focos de resistência em Rio Pardo e São Gabriel, além de Rio Grande, mantinham os farroupilhas ocupados. Iniciava assim a mais longa revolta brasileira. Tem que se destacar que a Revolução Farroupilha não foi inicialmente separatista, um exemplo disso é a carta enviada por Bento Gonçalves no dia 25 de setembro de 1835 para Diogo Feijó explicando os motivos da revolta e solicitando um novo presidente de província assim como novo comandante das armas, para os revoltosos estava tudo resolvido assim.
O Império contra-ataca, nomeia um novo presidente de província que vem para o Rio Grande do Sul com um verdadeiro aparato de guerra. Os revoltosos encararam essa atitude como uma declaração de guerra. Na sequencia Porto Alegre foi retomada pelos imperiais. Os farrapos por diversas vezes tentaram ocupar novamente a capital, mas sem sucesso, hoje ela tem no seu brasão os dizeres “leal e valorosa” por ser um grande foco anti-farrapo ao longo do conflito.
Frente ao melhor tratamento desejado pelos farrapos e negado pelo império, após a vitória na batalha do Seival o General Antonio de Souza Netto proclamou a República Rio-grandense. Com isso podemos falar a respeito da falência da Revolta farroupilha para a Guerra dos Farrapos, afinal de contas agora não se tratava mais de uma luta de revoltosos em busca de justiça, mas uma guerra de exército defensor (republicano) contra exército agressor (imperial), não lutavam mais por reconhecimento e atenção, mas pela defesa da independência e soberania de seu país. Bento Gonçalves não estava presente na proclamação da República, sabendo do acontecido parte do cerco à Porto Alegre em direção a posição do Gen. Netto, no entanto na travessia do Jacuí, Bento Gonçalves foi feito prisioneiro após a Batalha do Fanfa.
Até 1842 podemos falar em um avanço farroupilha. Durante esse período foi proclamada a República Juliana, por Davi Canabarro e Giusepe Garibaldi. Existia a necessidade de um porto e como Porto Alegre e Rio Grande estavam barrados por tropas imperiais a única saída encontrada pelos farrapos foi a cidade de Laguna, em Santa Catarina. Existia a necessidade de escoar o charque, afinal de contas, seus recursos mantinham a luta. Nos anos de 1842 assumiu a presidência da Província, Luis Alves de Lima e Silva, então Barão de Caxias (hoje Duque). A partir desse momento, o Império, representado por Barão de Caxias, passou a liquidar com a Revolução Farroupilha, através da diplomacia e de ações de guerra.
Não se pode ter a mesma atitude contra a Guerra do Farrapos, como a Cabanagem, por exemplo, afinal de contas a revolução que aconteceu no Sul foi dirigida por uma elite senhora de terras e escravos e que assim que chegar o fim do conflito, o Império vai necessitar dessa elite para manter suas fronteiras e travar suas guerras contra Oribe e Rosas, contra Aguirre e até mesmo no Paraguai, onde alguns veteranos farrapos lutaram.
Nos anos de 1845, em primeiro de março, foi assinado a Paz de Ponche Verde, chamada “paz honrosa” pelo fato de muitos desejos farrapos terem sido atendidos, como por exemplo a anistia, incorporação do exército farroupilha ao imperial, devolução de terras, taxação sobre o charque platino, redução dos impostos sobre o sal e liberdade para os escravos que lutaram pela revolução. Claro que sobre a questão dos escravos, antes do fim, tivemos a batalha de porongos, onde o corpo de lanceiros negros foi cercado pelas tropas imperiais e dizimados, muito se diz, com o conhecimento de Davi Canabarro.

Um comentário:

Vento de Canela disse...

Cadu. Show de bola teu blog. Gostaria intender o interesse dos farropilha de escoares seus charque pelo porto de laguna em meio a guerra. Pensava, eu, que eles tinham o interesse de chegar ao mar para contra-atacar os imperiais que chegavam ou que já estavam nos portos do RS. J.Garibalde, ataca pelo oceano e Canabarro, por terra.